Transição- Reentrada à Pátria

Trasincao Confissao de uma mulher multicultural 1

Sentimentos envolvidos e dicas para amenizar o impacto da transição

O retorno de obreiros transculturais ao seu país de origem pode trazer muitas alegrias, mas também ansiedade e uma dose considerável de stress. Quer esse retorno seja definitivo, quer seja temporário, é importante checar e ajustar as expectativas para que tudo corra da melhor forma possível.

A partir da minha experiência, gostaria de ressaltar alguns dos sentimentos mais frequentes que experimentamos diante da perspectiva de um retorno ao lar, com algumas sugestões de como lidar com eles.

1. Preocupação com o ministério

Quem vai cuidar depois que eu for embora? Será que as pessoas vão dar conta? – Essas são questões legítimas até certo ponto, mas cuidado! É preciso pedir a Deus que trabalhe os nossos corações para que não caiamos na armadilha de acreditar que só nós somos capazes de fazer aquele trabalho. Ore, converse com as pessoas que irão assumir a liderança, organize tudo, enfim, faça o que for possível com zelo, dentro de suas possibilidades. Se puder, se disponha para ajudar remotamente caso precisem de ajuda. Então, aceite que é hora de sair de cena e deixar Deus cuidar de tudo.

2. Incerteza com as finanças

Transicao cultural CMM

É muito comum que ao retornar ao seu país, os obreiros transculturais percam alguns parceiros ou mantenedores. Isso se deve a uma ideia equivocada de que um obreiro só “tem valor” enquanto está servindo fora. É possível prevenir, ou pelo menos minimizar esse problema através de uma comunicação simples e direta com os parceiros.

Converse com cada um deles, compartilhe o que está motivando seu retorno e deixe claro que nessa nova fase, o suporte financeiro deles vai ser mais importante do que nunca.

Mesmo depois que retornar ao país, continue enviando suas cartas informativas, para manter seus parceiros informados de como você e a família estão, quais têm sido seus desafios e necessidades e como eles podem continuar apoiando e intercedendo por vocês.

3. Sensação de sobrecarga

Mudar de casa não é nada fácil, mas mudar de país definitivamente é para os fortes. Vender os móveis e objetos, lidar com questões administrativas, enfrentar a burocracia, dizer adeus a amigos, irmãos e colegas de ministério, administrar as emoções da família enquanto tentamos lidar com nossas próprias dores… muitas vezes eu senti o peito apertado e me dei conta de que estava literalmente esquecendo de respirar.

Transicao CMM

Então quando se sentir sobrecarregada, pare tudo por alguns segundos e apenas respire. Aspire com o nariz e expire lentamente com a boca, se concentrando totalmente nessa ação. Faça isso durante um ou dois minutos. Isso irá oxigenar seu cérebro, relaxar seu corpo e deixar você mais preparada para lidar melhor com tudo o que precisa ser feito.

4. Altas expectativas com as pessoas

Em meio aos preparativos para a mudança, muitos pensam nos amigos que ficaram para trás quando partiram para o campo transcultural e idealizam reencontros, abraços, conversas, churrascos… ao chegar, no entanto, descobrem que a realidade não corresponde exatamente às expectativas. Alguns amigos vão estar passando por crises de fé ou com a igreja, outros vão estar enfrentando problemas no casamento; alguns vão estar trabalhando tanto que não vão conseguir arrumar espaço na agenda, e muitos ainda estarão com a saúde (física ou emocional) debilitada. A verdade é que a vida continuou seguindo enquanto você estava ausente e as pessoas, assim como você, já não vão ser mais as mesmas.

Transicao reentrada a patria

Como pôr tanto tempo de ausência em dia e apesar dos obstáculos, retomar o vínculo com aqueles e aquelas a quem queremos bem? Eu comecei a ter conversas mais frequentes com as pessoas mais próximas alguns meses antes da minha partida. Apesar da correria, separei um tempinho para entender o que elas estavam vivendo nessa fase de suas vidas, falar um pouco de mim e ajustar as expectativas do nosso reencontro, não para o que eu estava idealizando, mas para o que seria realista para nós. Vários desses amigos me ajudaram com informações úteis para a nossa readaptação depois de tanto tempo fora.

O importante é saber que, ainda que muitas coisas mudem, o amor não é uma delas. Talvez o ajuste inicial não seja fácil, mas não desistam uns dos outros.

Ao longo do processo de retorno, nunca se esqueça de que o mesmo Deus que chamou, capacitou e cuidou de você continua fazendo isso agora. Mantenha a fé nEle em todas as circunstâncias e se prepare para descobrir muito mais a respeito de Sua graça e providência nessa nova fase de sua vida. Além disso, lembre-se de que qualquer ministério tem muito mais a ver com a obediência do que com fronteiras geográficas. Se disponha a ouvir a voz de Deus, entender o que Ele quer de você e se permitir ser surpreendida por Ele enquanto vocês percorrem, juntos, as novas curvas do caminho. Vai dar tudo certo!

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Debora Pessoa Melo

 É professora de Francês, Graduada em Secretariado e pós-graduada em Antropologia e Jornalismo Digital.
Em 2014 ela se mudou com seu marido e os filhos do casal para o Senegal, onde desenvolvem projetos de ensino, empreendedorismo social e desenvolvimento comunitário.

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