
Uma Perspectiva Transformadora do Câncer em meio ao Serviço Ministerial
“Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és minha.”
(Isaías 43:1)
Em 2014, minha vida mudou. Era uma sexta-feira, no final da tarde. Eu e meu marido, Maia, estávamos na sala da casa de um amigo querido, o pastor e médico Dr. Paulo. Na cozinha, sua esposa, Raquel, preparava pão de queijo para os meus filhos, Filipe, de 7 anos, e Maiara, de apenas 3, tentando distraí-los e poupá-los do ambiente que estava prestes a se formar.
Depois de uma longa espera de quarenta dias, finalmente chegou o resultado da biópsia de um nódulo na minha mama esquerda. Dr. Paulo nos olhou com seriedade e disse:
“Fran, infelizmente é maligno. Você está com câncer de mama.”
Então ele, como médico, começou a explicar todo o processo que eu provavelmente enfrentaria, mas, sinceramente, não consegui ouvir nem absorver nada do que dizia. Somente aquelas primeiras palavras ecoavam em minha mente.
Receber o diagnóstico de câncer foi como ouvir uma sentença inesperada e pesada demais para carregar. Foi como me lançar em um vale profundo, o medo de não ver o amanhã, de não acompanhar o crescimento dos meus filhos, de não suportar os tratamentos tão duros que estavam pela frente.
Nos meses seguintes, passei por uma cirurgia de retirada da mama esquerda, protocolo de quimioterapia, radioterapia, cirurgia preventiva de retirada da mama direita, trompas e ovários, pois nesse período descobri uma mutação genética que me dava cerca de 80% de chance de desenvolver um novo câncer e, finalmente, a reconstrução das mamas. Assim foram dois anos intensos de luta.
O deserto da luta contra o câncer era árido. Todos os dias eu precisava lidar com pensamentos de medo e morte. Esse deserto não era apenas físico, mas também mental e espiritual. E foi exatamente nesse lugar seco que a fé começou a florescer.
“Você não pode escolher suas circunstâncias, mas pode escolher onde fixar sua mente.”
Uma nova perspectiva

Aprendi a vigiar minha mente, lembrando das palavras de Filipenses 4:8, que nos convida a direcionar o pensamento para aquilo que é verdadeiro, justo, puro, amável e digno de louvor. É como se Paulo dissesse:
“Você não pode escolher suas circunstâncias, mas pode escolher onde fixar sua mente.”
Essa foi a minha arma contra os pensamentos destrutivos. Quando a mente dizia: “Você não vai resistir”, eu me perguntava: “O que é verdade para mim hoje?” E a resposta era: “A verdade é que estou em tratamento, e Deus está comigo.” Quando surgia o pensamento de morte, eu o substituía por: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” Assim meus dias foram ficando mais leves e meu coração mais firmado em Suas verdades.
Mesmo enfrentando os efeitos da quimioterapia, a queda do cabelo e tantos desafios, senti que Deus me chamava para transformar a dor em propósito. Foi então que criamos um movimento que chamamos de “Campanha Bem Bonita”, onde mulheres que, assim como eu, estavam passando pelo mesmo processo, redescobriam sua beleza em meio à luta. Nossa proposta era simples, porém corajosa: enviar fotos sem lenço, em lugares públicos, sim, carequinhas, mas com um sorriso enorme no rosto.
A mensagem era profunda: mostrar que a beleza verdadeira não está no cabelo, nem na aparência, mas na graça que habita em nós. Cada sorriso e cada foto eram declarações de fé, era sobre vida, coragem e propósito renovado. E foi lindo ver a esperança florescer em tantas mulheres, inclusive em mim.
Em 2015, após o término do tratamento, veio a fase da reconstrução, não apenas física, mas também emocional e espiritual.
O início de um novo projeto

Hoje, quando chega o “Outubro Rosa”, meu coração se enche de gratidão. Essa campanha mundial de conscientização sobre o câncer de mama vai muito além de exames e prevenção, embora isso seja essencial. “Outubro Rosa” fala também de renascimento, de fé e de propósito.
Aprendi que o câncer não é o fim de uma história, mas o início de uma missão. Esse processo me transformou, comecei a enxergar o valor dos dias simples, a celebrar cada vitória e a reconhecer a presença constante de Deus, mesmo nos vales mais sombrios.
Hoje, meu testemunho é uma semente de esperança. Quero lembrar a cada mulher que lê este texto: você não está sozinha.
Ainda que o diagnóstico traga medo, ainda que o espelho reflita algo que você não reconheça, há um Deus que te chama pelo nome e diz:
“Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és minha.”
(Isaías 43:1)
Se você está passando por esse caminho agora, respire fundo e creia: É uma fase, aproveite o processo porque há vida após o câncer.
Que neste “Outubro Rosa” possamos celebrar não apenas a prevenção, mas a vitória da fé sobre o medo, da esperança sobre a dor e da vida sobre a morte, e como diz em Provérbios 31:25:
“Força e dignidade são os seus vestidos, e sorri diante do futuro.”
Hoje eu posso sorrir diante do futuro, não porque ele é certo, mas porque sei em quem está a minha esperança.
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