O Valor de uma Mãe Multicultural

mãe

Ainda me lembro vividamente daquela noite em que lavava a louça e senti um aperto no peito ao perceber que tinha escolhido voluntariamente essa vida! O bebê finalmente havia adormecido, meu marido estava fora, ensinando líderes da igreja, e eu estava ali, exausta, ouvindo o coaxar dos sapos e o zumbido dos insetos, enfrentando uma pilha de louça e suando no calor da noite africana. Onde tinham ficado todos os meus sonhos de discipular mulheres, como meu marido fazia com os homens? E os planos de ensiná-las sobre saúde e a ler a Bíblia?
Meus dias eram consumidos correndo atrás de um bebê, lavando fraldas, comprando e preparando comida para nossa família. É verdade que eu conversava com os vizinhos, recebia visitas e fazia pequenas coisas todos os dias, tentando aprender a língua e a cultura, mas, na maior parte do tempo, eu era simplesmente mãe.
Qual é o valor de ser mãe, quando fomos enviadas para realizar algo que parecia tão maior?

o valor de uma mãe

Amy Carmichael, uma grande evangelista itinerante na Índia, acabou abrindo mão de seu ministério original ao aceitar uma nova missão: resgatar e ser mãe para crianças traficadas como prostitutas de templo. Ela usava um provérbio tâmil que dizia que os filhos “amarram os pés” da mãe — ela já não podia mais viajar, pois estava ligada à casa e aos filhos. A blogueira Michele Morin lembra que Amy sempre completava: “Aceitamos ter nossos pés amarrados por amor Àquele cujos pés foram traspassados.”
Assim como Amy descobriu — e como vejo hoje na vida dos meus filhos — há um profundo valor em ser mãe.

“Aceitamos ter nossos pés amarrados por amor Àquele cujos pés foram traspassados.”

O amigo da minha filha perdeu a mãe há alguns anos. Dias atrás, ele nos mostrou fotos dela — aniversários, férias, presentes escolhidos com carinho, bolos decorados, refeições especiais. Ela era uma mulher linda, por dentro e por fora, e isso transparece no filho, um verdadeiro gigante gentil. Ele sente, de forma muito viva, a falta da mãe em sua vida. Agora, ao se lançar no mundo, a ausência dela pesa ainda mais.
Que presente é poder estar presente na vida dos meus filhos nesta fase!

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Naquele tempo, confesso que eu sentia muito mais o peso da maternidade — os narizinhos escorrendo, as fraldas sujas, as febres altas no meio da madrugada, as pilhas de louça e roupa para lavar.
Mas hoje reconheço o presente que foi ser chamada de mãe: esperamos seis anos por esse filho — como não cuidar com carinho desse presente pelo qual oramos tanto? Quem mais ensinaria a ele a língua da nossa família, num país onde tudo era estrangeiro? Quem mais lavaria suas fraldas e enxugaria suas lágrimas? E se outra pessoa fizesse isso no meu lugar, será que eu realmente me sentiria em paz?
Qual é, afinal, o verdadeiro valor de ser mãe?

Hoje, estou novamente lavando louça — só que vinte e tantos anos depois. O pai está em uma reunião. A filha mais nova está sentada à mesa da cozinha, cantando louvores enquanto faz o dever de álgebra. A irmã mais velha está prestes a embarcar para nosso país de origem para cursar a faculdade. O bebê que embalei até adormecer, antes de encarar a louça, agora é um universitário prestes a trilhar seu próprio caminho.
E eu continuo aqui, lavando louça à noite, suando no calor da África.
A vida como mãe é doce. Não existe outro lugar onde eu gostaria de estar.

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A Semana do Maternar Multicultural é um evento do CMM – Confissões de uma Mulher Multicultural, criado para apoiar mães que vivem entre culturas.
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Rebecca Kendall

Vivendo para glorificar a Deus, fazer o mundo ao meu redor crescer e desfrutar do que Ele me deu. Estudiosa da Bíblia, biologia, línguas, ensino e cultura, vivendo na África Ocidental desde 2004. Esposa de Nathan, mãe de três e tia de muitos.

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