O “Eu” antes de Mim: Identidade e Propósito no Chamado

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Quando Deus usa o deslocamento para revelar quem realmente somos.

Esses dias vi um vídeo de um homem que, com quase 40 anos, estava em busca de descobrir quem ele era. Ele descobriu que era adotado, e isso abalou profundamente a sua percepção de identidade, mesmo já sendo adulto, com uma carreira consolidada, amigos e relacionamentos. Então, ele começou uma jornada para descobrir a parte da sua própria história que desconhecia, em busca das peças do quebra-cabeça que lhe faltavam para alcançar um autoconhecimento mais completo.

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Talvez seja algo parecido com o que acontece quando nos mudamos de um país para outro. Tudo o que envolve a mudança de vida e de atividade profissional abala nossas estruturas e a percepção de quem somos. Perdemos as referências externas com as quais estávamos acostumados — aquelas que nos informavam quem somos, o que fazemos neste mundo e, de certa maneira, qual é o nosso valor.

Na nova vida, não temos mais essas fontes. E, quando elas ainda falam algo, nem sempre conseguimos entender — ou, quando entendemos, parece que a mensagem veio errada, como se fosse para outra pessoa. Simplesmente perdemos as referências externas. Isso nunca será fácil ou agradável, mas pode ser usado por Deus para nos mostrar quem realmente somos.

Nossa identidade está segura em Cristo

O texto de Efésios 1:4-5 diz que o Pai nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos seus filhos. Mas não nascemos convertidos. Alguém precisa pregar o evangelho para que possamos aceitar Jesus e começar nossa nova vida com Ele. No momento da conversão, iniciamos uma jornada de descoberta: quem somos em Cristo. Mas toda essa mudança traz uma crise de identidade — que é, na verdade, uma grande oportunidade de reencontrarmos nossas origens. E essas origens não estão no país do nosso passaporte, nas atividades que realizávamos antes, ou na família em que nascemos. Estão em Cristo. Estão seguras em Cristo. Desde antes da fundação do mundo.

Nós pertencemos à família de Deus — e, nessa família, temos tudo o que precisamos para construir uma identidade que não muda, porque ela tem suas raízes no coração de Deus. Foi Ele quem, em sua soberania, planejou a grande história da criação, e será Ele também quem a consolidará no céu. Ambas são obras d’Ele em nosso favor.

Identidade

Em Cristo, temos uma família que funciona: um Pai presente em nossa vida — o Deus Emanuel — e um irmão mais velho que cuida de nós. Temos nome e sobrenome. Nosso Pai conhece quem somos no mais íntimo e não se assusta, não sente vergonha e não nos rejeita. Nosso valor como pessoas, para Ele, nunca muda. Ele nos escolheu já sabendo quem seríamos, porque conhece todas as coisas. E, mesmo assim, não muda de ideia a nosso respeito. Se Ele ainda está do lado de fora da nossa vida, está batendo à porta, querendo entrar.

Isso pode parecer distante e difícil de se tornar realidade. Mas Deus vai cumprir. A nossa parte é buscar a Ele para que nos revele quem realmente somos. Assim, poderemos ancorar nossa identidade hoje nessa esperança — porque Ele não muda e Ele não falha.

Uma nova chance de reencontro

Se você está servindo em um contexto transcultural, talvez esteja justamente nesse lugar de crise — se perguntando quem é você agora que tudo ao redor mudou. Talvez tenha perdido os marcos que antes definiam sua identidade: sua profissão, sua fluência no idioma, seu círculo social, seu ministério, sua igreja, seu papel na família. Talvez você esteja tentando se reencontrar — mas não sabe por onde começar.

A boa notícia é que essa aparente perda é, na verdade, uma chance rara e preciosa de redescobrir quem você é em Cristo. Essa identidade, firme e segura, não depende do seu desempenho, do seu idioma, das suas conexões ou até mesmo do seu sucesso ministerial. Ela é anterior a tudo isso. Ela vem de Deus.

Então, nesse novo país, nessa nova língua, nessa nova rotina… você não está perdida. Você está sendo chamada de volta à origem — à sua essência como filha amada de Deus. Ancore-se nisso. Volte-se para Aquele que já sabia quem você seria, onde estaria e como se sentiria nesse exato momento. E confie: Ele não errou ao colocá-la aí.

Permita que Deus use esse tempo de deslocamento para firmar em você uma identidade que não balança com o vento das mudanças. Pergunte a Ele: “Quem o Senhor diz que eu sou?”. E ouça. Deixe que Ele mesmo te diga. Porque é dessa voz que você precisa agora.

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Arite Julia

Casada com Creuse Santos, mãe do Noah e Manuela. Duas mãos, muitas ideias, um caos no seu infinito particular. Ama as Escrituras, a educação, as amigas, tricô, crochê, Patchwork e férias.

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