Filhos Multiculturais Protegidos, Famílias Fortalecidas.

proteção contra abuso - CMM

A segurança dos filhos multiculturais contra pornografia e abusos sexuais

“Eu não gosto de dormir na casa deles, mamãe!”

“Não quero mais brincar com ele!”

“Posso ficar aqui com você e as outras mães?”

Essas frases parecem reclamações comuns de crianças acostumadas a viajar, brincar e servir com diferentes famílias em diferentes lugares. Quantas vezes seu filho já expressou algo parecido?

Mas… quando é hora de parar e escutar o que eles não estão dizendo? O verdadeiro significado por trás dessas palavras?

 “Não gosto de ficar na casa deles, mamãe”… porque os filhos deles assistem filmes ruins.

 “Não quero brincar com ele”… porque ele me mostra imagens ruins e fala coisas estranhas. “Posso ficar com você e as outras mães?”… porque aqui é seguro.

Jenny* nasceu e cresceu no campo transcultural. Seus pais eram evangelistas e aprendiam bem os idiomas locais. Com frequência, ela ficava com amigos de confiança e cristãos nacionais. Quando cresceu, seus pais ficaram chocados ao descobrir que alguns desses cristãos haviam mostrado imagens sexuais a Jenny e usado isso para prepará-la para o abuso. Infelizmente, a história de Jenny não é um caso isolado.

Pesquisas e relatos policiais mostram que o consumo de pornografia violenta, abuso doméstico e abusos entre crianças cresceram exponencialmente durante a pandemia da COVID-19. O American College of Pediatricians alerta que a internet torna a pornografia acessível, barata e anônima, aumentando as chances de que qualquer pessoa, mesmo sem procurar, acabe exposta. A pergunta não é se nossos filhos verão imagens pornográficas, mas quando. Segundo a American Academy of Pediatrics, a idade média de exposição à pornografia é 12 anos — e crianças expostas antes disso têm mais chances de abusar sexualmente de seus colegas.

As crianças FTCs (Filhos de Terceira Cultura) são especialmente vulneráveis, devido ao estilo de vida globalmente móvel. Estão longe das redes de apoio tradicionais — escolas, médicos, igrejas e amigos — que geralmente contribuem para sua educação e proteção. De acordo com a Dra. Bree Zeyzus Johns, essa ausência de apoio social robusto aumenta o risco de uma criança consumir pornografia ou ser vítima de quem a consome e depois escolhe abusar de outros.

Além disso, nossos filhos enfrentam barreiras linguísticas e culturais, tanto na cultura onde vivemos quanto ao retornar à sua cultura de origem. Muitos  FTC simplesmente não têm habilidades sociais suficientes para recusar, com firmeza e educação, uma exposição à pornografia ou a investidas abusivas.

maio amarelo

Como lembra Tanya Crossman, da TCK Training, muitos de nós nos sentimos seguros por estarmos entre muros e comunidades cristãs. Mas você pode se surpreender ao saber que a maior parte dos abusos acontece em relações de confiança — não com desconhecidos. Esses dados assustam, sim. Mas também há muito que podemos fazer para proteger nossos filhos.

O que podemos fazer?

  •  Esteja atento ao acesso à internet. Veja o que seus filhos estão acessando, com quem conversam, e fale sobre isso com frequência. Uma relação aberta e de confiança é um grande fator de proteção.
  • Monitore os ambientes e relações. Evite deixar seu filho sozinho com outro adulto ou mesmo com outra criança.
  •  Ensine o que fazer ao ver imagens ruins, seja na internet ou no celular de alguém. O método “Vire, Corra e Conte” de Kristen Jensen é simples e eficaz para treinar as crianças. Veja sugestões aqui: Teach Kids Body Safety
  • Busque apoio com a sua organização de trabalho global, escola dos filhos ou profissionais confiáveis para receber orientação e treinamento.
  •  Eduque-se e compartilhe boas práticas com sua equipe e comunidade. Iniciativas como Mãos Dadas e o departamento de Proteção Infantil da AMTB são ótimos pontos de partida.

Mais importante ainda é cultivar relações familiares e comunitárias estáveis, seguras e amorosas cria um ambiente onde nossos filhos podem crescer com saúde, mesmo enfrentando situações difíceis. Famílias e comunidades fortes fazem parte da construção de Experiências Positivas na Infância (EPIs), que são um fator de proteção comprovado pelas ciências sociais. Mesmo quando há Eventos Adversos na Infância (EAIs), como o abuso, as EPIs ajudam nossos filhos a se desenvolverem de maneira saudável.

E se meu filho já foi exposto à pornografia? Ou se está consumindo regularmente? E se sofreu abuso?

Há esperança. Há ajuda. Aqui estão alguns recursos em português para começar.

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Recursos recomendados em português:
Prevenção:
Ajuda para quem consome pornografia:
Apoio a vítimas de abuso:
  • RENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação Social.
  • Caminho da Cura (versão em português de Mending the Soul)
  • Disque 100 – Canal oficial para denúncias de abuso.
Outros recursos internacionais (em inglês):

Algumas pessoas em posição de autoridade têm se destacado na defesa de crianças e adolescentes vítimas de abuso. Com seriedade, promovem prevenção, conscientização e proteção por meio de redes sociais, cursos e outras ações. Vale a pena acompanhar esse trabalho e conhecer melhor os direitos garantidos pela legislação brasileira.

Recursos adicionais

Se este texto trouxe à tona traumas do passado, procure alguém de confiança ou a rede de cuidado da sua organização. Você não está sozinha. Há muitos recursos cristãos e profissionais disponíveis para ajudar. Um deles, em português e espanhol, é o livro Caminho da Cura (Mending the Soul) de Steven R. Tracy.

Irmãs, pornografia e abuso são temas difíceis. Mas como Paulo lembrou a Timóteo, em 2 Timóteo 1:7: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” (NVI). Que nossas famílias reflitam Aquele que nos enviou — com poder, amor e domínio próprio em todas as áreas da vida.

Leia outros artigos no Blog CMM relacionados à proteção da criança e adolescêntes contra o abuso e a pornografia.

Rebecca Kendall

Vivendo para glorificar a Deus, fazer o mundo ao meu redor crescer e desfrutar do que Ele me deu. Estudiosa da Bíblia, biologia, línguas, ensino e cultura, vivendo na África Ocidental desde 2004. Esposa de Nathan, mãe de três e tia de muitos.

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